Nesta edição conheceremos novos personagens do universo d'A Estrutura e alguns segredos de seu funcionamento. Aproveitem a leitura e enviem seus comentários para o [email protected]
Agora era o mundo que, como uma mulher furiosa, dava-lhe um tapa na cara e, assim, chamava-o para a vida. Ao abrir a janela a luz do sol dominou o quarto. Ouviu Daniela resmungar: “só mais um pouquinho”. Lá fora tudo estava parado, não havia vento, o silêncio dominava a paisagem, apenas sentiu a brisa entrando pela janela aberta. Era março, no dia anterior havia chovido e o cheiro da água da chuva misturada à terra ainda rescendia no ar. Era um dia bonito e convidativo. Continue lendo, baixe o arquivo completo
Não perca a próxima edição Uma festa em Aton
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Eis que veio à luz a edição dos Contos d'A Estrutura de fevereiro. Vamos conhecer o mundo entre 2500 e 2592, momento em que a humanidade ainda se recuperava dos efeitos da Guerra do Fim do Mundo e em que o Caos estava instalado. Nesta edição, além dos desenhos temos poesias que, em versos, tentam relatar os significados e a força do caos. Descobriremos que n'A Estrutura homens vestem verde e mulheres vestem lilás. Conheceremos a geografia do mundo após os efeitos da Agonia Celeste e, finalmente, desvendaremos a verdadeira identidade do Sobrevivente. Boa leitura!
Como um pagão, inconsciente e inconsequente, rezo a deuses e anjos pedindo que me levem ao paraíso. Mas duvido que ele exista. Me perco em pensamentos, como se estivesse a ler um livro com as páginas cheias de fúria e morte. Lembro da noite que passou, dos novos amigos que fiz, daqueles que perdi e do que ainda virá. Enquanto adormeço, como uma pedra, a música segue seu ritmo. Continue lendo. Baixe o arquivo completo.
Não Perca a edição de Março:
"Sílvia e os Lobos"
Nesta data aconteceu e foi contada a história da minha invenção e da minha primeira aventura no tempo. Coube a um saudoso amigo, o senhor Herbert George Wells, inglês típico de nascimento, narrar as peripécias da visita que fiz ao ano 802.701, quando tive contato com os Eloie os Morlocks.
Aos que quiserem conhecer melhor esta história e da fabricação do artefato que construí para viajar no tempo, indico a leitura do livro que o senhor Wells produziu contando tais experiências. Continue lendo, baixe o arquivo completo.
Não perca a edição de fevereiro de 2019:
"Do caos à Estrutura"
O foco continua sendo a História, a Literatura e a Política, mas as ações estarão voltadas a dar suporte online a este Projeto. Assim, disponibilizamos a primeira história da saga Contos d'A Estrutura. Boa leitura e não deixem de enviar seus comentários, críticas e sugestões!
O Projeto Gorila e os Contos d'A Estrutura
O Projeto Gorila é uma proposta coletiva que busca agregar pessoas interessadas em História, Política e Literatura. Sua primeira iniciativa é a produção dos Contos D'A Estrutura. Histórias de uma sociedade futura, as quais tem por fonte de inspiração as principais distopias produzidas ao longo do século XIX e XX.
Mesmo assim, algumas das práticas e das táticas mais perversas da guerra não haviam mudado, apenas se aperfeiçoado. Para alguns generais e seus soldados, ainda importava dizimar as hostes inimigas até o seu último integrante. Nisto, aquela batalha decisiva para a Grande Guerra, travada em 28 de março de 2500, era o prenúncio barulhento de uma nova era. Momento sem volta, o qual, como é comum a todo começo, anunciava que tudo aquilo que dizia respeito ao passado, deveria ser superado, reescrito ou esquecido. Assim nasceu A Estrutura, e o exato instante de sua fundação, em 18 de junho de 2592, ficou conhecido como a Instalação.
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Não perca a edição de Janeiro de 2019:
"O Narrador e a Máquina do Tempo"
Naquele momento, táxi era a única possibilidade de transporte disponível. Fato que era válido para mim e para parte dos passageiros que desembarcaram do mesmo voo e que não tinham algum amigo, parente ou conhecido esperando para transporta-los para outro lugar. Até aí nada de novo, muitas pessoas já passaram por esta experiência e certamente guardam suas impressões próprias sobre ela. Todavia, o que leva ao detalhamento das coisas que serão detalhadas é o conteúdo que elas carregam.
Em primeiro lugar, os fatos envolvem 3 personagens distintos: eu, o taxista e um terceiro que aqui identifico como Reginaldo Opinião dos Outros. A escolha deste nome não é aleatória, mas está associada a denominação um tanto fora do comum (Ricardo Coração dos Outros) que Lima Barreto utiliza no romance “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, para identificar o violeiro, amigo do protagonista que empresta o nome ao título do livro.
Antes de entrar na narrativa do acontecimento é importante contextualiza-lo em relação ao período histórico em que transcorreu: o Brasil no momento em que pululavam as notícias, acusações, delações e suposições da Operação Lava Jato. Período em que a pauta política também era preenchida com os temas e questões referentes ao impedimento da ex-presidente Dilma Roussef, o qual veio acontecer pouco tempo depois. Um contexto conturbado, no qual o tema da corrupção era o centro das atenções nacionais. Na verdade, este assunto, embora com outros conteúdos, direcionamentos e significados, ainda está ocupando a pauta política brasileira e sendo motivo das conversas que se travam nos bares e esquinas da vida. Talvez a única mudança que tenha ocorrido, de lá para cá, está na forma como as coisas são noticiadas e interpretadas.
No outro extremo da conversa, estão as interpretações produzidas por aqueles meios de comunicação mais críticos e questionadores (jornais, revistas, blogs, perfis em redes sociais, sites, etc.) que não se enquadram no universo da “grande mídia” e, que geralmente se autoatribuem o nome de "mídia alternativa". (Seria correto também chamá-los de pequena mídia, média mídia ou pequena-média mídia? Confesso que não tenho condições de responder a pergunta. Todavia, considero que classificar as coisas do mundo e da sociedade, para lembrar Pierre Bourdieu, não é uma tarefa fácil, pois todo classificador faz escolhas e elas só têm legitimidade quando reconhecidas socialmente.
Por sua vez, o reconhecimento será tanto maior, quanto maior for o capital cultural mobilizado por aquele ou aqueles que estão envolvidos na tarefa da classificação. Em síntese, em uma sociedade como a nossa, uma coisa é um portador de vários diplomas de doutorado e pós-doutorado em economia dizer, utilizando-se de palavras estranhas e rebuscadas, que uma coisa em economia é uma coisa e não é outra coisa. Coisa diversa é o Zé da Silva - que mal sabe ler e escrever, portanto, não possuiu nenhum tipo de diploma que lhe dê reconhecimento - dizer que a coisa que foi dita sobre a economia não é bem esta coisa. Em suma, a força daquilo que é dito, sua capacidade de criar visões e di-visões de mundo e também o próprio mundo a partir daquilo que se diz é proporcional e expressa a força da posição social, econômica e cultural ocupada por aquele que diz ou aqueles que dizem).
Assim, no mais das vezes, ocupam boa parte do seu tempo e do pouco espaço do qual dispõem desconstruindo as interpretações produzidas pela "grande mídia". Por conseguinte, ficam sem grandes condições para impor novos temas e problemas a pauta política nacional. Vale lembrar, ainda, que este é apenas um dos fatores relacionados a equação, pois há outros de ordem econômica, histórica, política e social que interferem diretamente neste embate. Entretanto, não há como abordá-los com a importância que merecem aqui, pois conformam assunto para outro texto.
Então, vamos aos fatos: ao sair do aeroporto avistei o táxi e o taxista, solicitei a ele que me levasse até o hotel de destino, coisa que aceitou, mas antes pediu para arrumar mais um ou dois passageiros, pois assim, além de aumentar a sua remuneração, o valor final da corrida ficaria menor, uma vez que ele seria dividido entre os passageiros. Considerei a proposta interessante e concordei. Nesse momento, entra em cena o outro personagem da história, o antes apresentado Reginaldo Opinião dos Outros, o qual também aceitou a indicação e saímos nós três em direção aos nossos destinos.
Eis uma mescla interessante e que, além de demonstrar certa sincronização, indica que por mais diferentes que sejam algumas opiniões sobre determinadas questões, elas não necessariamente são a negação absoluta uma da outra. Sobretudo, demonstra que há uma distância a ser percorrida entre aquilo que a mídia em sua generalidade notícia e, aquilo que efetivamente atua no sentido de definir o modo como cotidianamente as pessoas agem e reagem. Em outros termos, "as pessoas comuns" que são objeto de ação das propagandas e de certas interpretações que são difundidas no sentido de construir um determinado consenso sobre determinadas questões - políticas, sociais e econômicas - não são "esponjas". Em outras palavras, indivíduos que só absorvem as informações e as assimilam passivamente. Pelo contrário, as leituras próprias que "os de baixo" constróem sobre os processos sociais, bem como as posições que adotam diante e a partir deles, impactam diretamente o modo como a sociedade se organiza e funciona. Há que se reconhecer, igualmente, a existência de diferenças de forças neste embate, mas a maior quantidade de poder mobilizada por um uns não significa a omissão ou a inércia completa de outros.
Assim, se o taxista mesclava opiniões diferentes a partir de uma leitura confusa e própria, Reginaldo fez questão de fincar pé na posição salvacionista e expressar sua concordância em relação a ela. (Um esperança!) Indicou inclusive que o problema não estava na roubalheira em curso, mas no fato de que aqueles que estavam envolvidos nos esquemas e acusações deveriam ter sido mais espertos e, sobretudo, modestos em seus desvios e articulações. Em resumo, segundo o ponto de vista de Opinião dos Outros, se os acusados tivessem desviado uma quantidade menor de dinheiro público, talvez nunca seriam descobertos e o mundo seguiria em sua suposta normalidade segura. Posição que fica um tanto mais apavorante ao se levar em conta que o motivo que levava o seu emissor a estar naquele lugar e momento, era prestar consultoria financeira em uma indústria local.
Muito rapidamente, intui que a situação recém vivida não estava sob julgamento. Portanto, deixar de produzir uma sentença em relação ao que havia ocorrido, não era sinônimo de naturalizar e justificar a corrupção, como fizeram Reginaldo Opinião dos Outros e o taxista. Assim, cheguei a conclusão de que a eficiência das poucas alternativas que temos para combater a corrupção, depende de nossa capacidade e disponibilidade para conhecer seus fundamentos sociais, econômicos, políticos e históricos. Da mesma maneira, da nossa perspicácia em questionar as coisas nas quais acreditamos e que tomamos por corretas pelo simples fato de acreditarmos que são “corretas” ou, porquê algum dia de um passado que não conseguimos localizar, assim nos foram apresentadas e categorizadas.
Exemplo disso é recente matéria publicada no Jornal Gazeta do Povo do Paraná, sob o interessante título "Do Brasil colônia aos dias atuais, por que o país não supera a corrupção?" Ao longo do artigo, o autor chama atenção para a corrupção como um fenômeno histórico que está presente no Brasil desde o período colonial até os dias de hoje. A ação de historiar esta questão, como destaquei acima, é sumamente importante e não deve ser questionada. O problema, por sua vez, é quando, sustentado em análises produzidas por certos cientistas políticos e historiadores, o responsável pelo texto tenta explicar os motivos da corrupção e, além disso, propor soluções a ela. Neste momento, novamente temos uma queda no lugar comum das explicações que a tudo buscam explicar, pois, como é tradicional, as soluções apontadas são leis mais eficientes, punições mais rigorosas, maior fiscalização e controle do dinheiro público, etc. Por seu turno, segundo o ponto de vista da notícia, o motivo que pode explicar a corrupção "tão comum" no brasileiro, é decorrente de seu caráter.
Nesta perspectiva, para dar conta de sustentar esta premissa, o historiador Sérgio Buarque de Holanda é chamado para discussão. Embora o autor do artigo, amparado na leitura feita por um outro historiador mais recente, reconheça os problemas da interpretação desenvolvida por Holanda, não deixa de indicar certa, ainda que tímida, concordância com este tipo de visão.
Logo, se fosse ele em meu lugar, concluiria que o taxista e Reginaldo Coração dos Outros são uma representação fidedigna do "homem cordial", isto é, aquele tipo ("ideal") que prefere semear a ladrilhar, o ócio ao trabalho, o retorno rápido ao invés do investimento a longo prazo. Não obstante, é necessário alertar aqueles que concordam com esta forma de interpretação que, em sociedade, as escolhas não são feitas por uma questão de caráter ou de raça, mas são sociais, políticas e históricas. Portanto, sempre é oportuno perguntar: que vantagens há em semear se as "formigas" comem a tudo aquilo que foi semeado? Ou, para lembrar Mário de Andrade e seu inestimável Macunaíma quando gritava aos quatro cantos: "muita saúva e pouca saúde"! As saúvas - este registro é sumamente importante - não são só as formigas, pois, na legenda do nosso antiherói, há uma mensagem subliminar que precisa ser conhecida, divulgada e assimilada.
O problema é que as tais saúvas ainda estão por aí e, atualmente, nos dão condições de sobra para atualizar o divisa de Macunaíma, isto é, ainda há muita saúva e pouca saúde! Exemplo mais concreto disto? A PEC 55, que em seu conteúdo tornará a saúde e a educação no Brasil um privilégio de muitíssimos poucos. Já em relação a falada falta de prudência do brasileiro, a qual se revela de forma mais acabada na sua incapacidade para fazer investimentos a longo prazo, a atual proposta de reforma da previdênciária está aí a demonstrar que, para certos setores da sociedade nacional - leia-se trabalhadores - o longo prazo não existe, é uma grande ilusão. Assim sendo e diante de todos estes fatores, qual o problema de se preferir o ócio ao trabalho? Não somos cordiais, somos, como diz a experiência popular, vivos!
Entretanto, esta vivacidade não nos deve fazer esquecer que "só possuímos para sempre e com certeza aquilo que destruímos". A frase é retirada do "Origens do Totalitarismo" e, com ela, Hannah Arendt busca sintetizar os significados do que foi o imperialismo/capitalismo e, principalmente, as consequências da ideia de raça quando ela se torna política de um Estado. Vale lembrar que a noção de caráter dialoga muito intimamente com a ideia de raça. Por sua vez, o exemplo mais palpável do quanto o emprego de tais teorias é perigoso pode ser encontrado na Alemanha da época de Hitler, no nazismo. Assim, fica o registro - ainda arendtiano - coisas como o nazismo e o holocausto só são possíveis de acontecer quando deixamos a ralé se apropriar da arena política e toma-la de assalto. Quem é a ralé? Uma mirada rápida para o Planalto, para o Congresso e para o STF é suficiente para responder a pergunta. Nestes lugares facilmente serão encontrados alguns espécimes que bem representam esta corja/malta/bagaceira! Em outros termos, as saúvas de quem Macunaíma tratava ainda estão por aí. Não só, mas elas vêm demonstrando que conseguem se adaptar facilmente aos diferentes tipos de venenos que foram inventados para combatê-las. Muito porquê elas mesmas estão envolvidas na produção destas mágicas fórmulas de combate, as quais só existem em função de que, de antemão, seus produtores já possuem o seu antídoto (as medidas anticorrupção que vêm sendo discutidas no congresso nacional, exemplificam e demonstram o sentido da afirmação). For fim, diria o performático Azambuja, um dos personagens mais complexos elaborados pela criativa mente de Chico Anysio: Tá danado! Tá danado!!! Jão, não esqueça de lembrar: há muita saúva porque há pouca saúde!
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DESINSUBSTANCIALIZE!
já dizia a raposa que encontrou com um Pequeno Príncipe numa dessas curvas da vida: "o essencial é invisível aos olhos!"
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